2 de jan. de 2010

Por que?

Torcedor fanático de futebol tem um discurso inflamado. Um de seus argumentos é a de que não viramos torcedores do time X, simplesmente nascemos torcedores. Enquanto nenhum psicólogo, antropólogo ou neurocientista afirme isso, para mim não existe essa de nascer torcedor. A gente torce pelo time que nosso pai mandar, não é isso? Alguém te influencia. Um tio que te dá uma camisa de futebol de presente. O pai que te leva ao estádio...

Meu pai é flamenguista doente. Cresci ouvindo que Zico era o maior jogador de todos os tempos e que o Flamengo era o maior do mundo. Escudos do time rubro-negro estampavam grande parte dos objetos da minha casa. Meu pai fazia chantagens emocionais para que meu irmão e eu nos tornássemos flamenguistas. Mas não deu certo.

Ao contrário. Flamengo me dava medo. Muito medo. Meu pai ficava excessivamente emotivo em dias de jogos. De chorar, de gritar. Lembro-me de uma bandeira do Flamengo que ele tinha. Toda vez que o time ganhava, meu pai pegava a bandeira e me chamava no quarto para dizer “Rafa, quando seu pai morrer, fale para todo mundo que eu quero ser enterrado com essa bandeira. Pede para a sua mãe colocá-la em cima do meu caixão”.

Imaginar-me virar órfã de pai aos 4 anos de idade é a primeira lembrança que tenho do meu primeiro contato com o futebol. Talvez seja por isso que eu não goste do Flamengo.

Meu pai não foi capaz de fazer a minha cabeça. Pouco tempo depois eu já era Cruzeirense. Mas o porquê eu não me lembro!

Não tive influência de ninguém da minha família. Ninguém me levou a jogos. Não conversava com ninguém na escola e as minhas poucas amiguinhas da época nem sabiam o que era futebol. Até porque futebol era coisa de homem.

Mas me peguei pensando nisso. Quem me fez ser cruzeirense? Alguém sabe? Pois eu queria muito agradecer o responsável por isso, pois torcer para o Cruzeiro foi a melhor escolha que fiz na minha vida.

Ou será que eu nasci cruzeirense e devo aceitar essa possibilidade, mesmo que não haja nenhum estudo cientifico comprovando?

Bom, esse blá-blá-blá todo é para parabenizar o time mais querido do mundo pelo seus 89 anos de vida. Que muitos outros vitoriosos 89 anos venham! Cruzeiro, nós merecemos.



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